
O espírito encarnado passa por fases distintas, em cada uma das quais colhe ensinamentos adequados; essas fases são a infância, a mocidade, a madureza e a velhice; em todas elas há deveres a cumprir, há obrigações a satisfazer, há trabalhos a realizar, intransferíveis, que correm à conta de cada um e que precisam ser conduzidos e consumados com relativa perfeição, e com satisfação para o espírito, pois que para este é de grande valia a realização de atos proveitosos, necessários, úteis, para si ou para o seu semelhante.
As fases mencionadas, por que passa o espírito de cada vez que encarna, são classificadas, exclusivamente, em obediência as condições físicas, ao desenvolvimento e duração da máquina humana, de vez que o espírito, sendo eterno, não tem idade, não nasce nem morre, não tem infância nem velhice; para o espírito só há estados de evolução; aquelas quatro fases, a que se referem ao corpo humano, servem para estabelecer uma variação de experiências e ensinamentos no curso compreendido por uma encarnação; elas se coordenam entre si, na ordem em que estão expressas, notando-se que as últimas refletem o modo pelo qual foram preparadas as antecedentes.
A Infância : É o período de vida do encarnado que se estende desde o nascimento até a puberdade; esse período é de importância capital para o bom aproveitamento da encarnação, porque ele é fundamental; o segundo período depende dele; o terceiro depende do segundo e o quarto e último, do terceiro, de maneira que, direta ou indiretamente, todos os outros dependem desse primeiro período; assim pois, como a estabilidade de um edifício depende dos seus alicerces, o bom ou mau aproveitamento de uma encarnação depende do modo pelo qual foram os princípios da moral, da disciplina, da educação e da instrução, registrados no amálgama da personalidade que se forma.
A Mocidade : É o período da vida do encarnado que começa na puberdade e que se alonga até a madureza; nela tem o encarnado a sua segunda fase de aperfeiçoamento; é na mocidade que se firmam os propósitos idealistas, que muito concorrem para a espiritualização da existência; é nessa fase que se registram os traços incisivos do caráter; é quando a criatura funda o seu lar, constitui a sua família, esse núcleo humano, respeitável, basilar, que, bem formado, tanto enobrece a alma daquele que a constituiu, dando mostras de possuir compreensão superior dos seus deveres; a mocidade é a esperança de uma nação; quando periclitam os caracteres dos responsáveis pela direção de um povo, é para a mocidade que se volta a atenção angustiosa dos seres conscientes; o espírito dispõe, na mocidade do seu corpo físico, da sua melhor oportunidade para desenvolver uma série de atributos com que poderá alcançar os seus mais almejados objetivos.
A Madureza : Período que sucede o da mocidade; o encarnado entra nessa fase com o precioso cabedal conquistado nos dois períodos antecedentes; é quando se torna um timoneiro experimentado, e por isso ainda mais confiante no sucesso das suas iniciativas; os exercícios do passado, as boas lições colhidas, as observações bem aproveitadas, produzem no espírito vigilante aquele grau de segurança e firmeza que caracteriza, no encarnado, o período de maturidade; é nesta etapa que o ser humano atinge o apogeu; as células cerebrais do organismo contêm, nesse período, a vitalidade máxima, disso resultando poder o espírito transmitir, por meio delas, a plenitude da sua capacidade irradiativa e mental.
A Velhice : É a última fase da vida do encarnado; ela significa o desgaste das funções animais; é o resultado da fadiga proveniente do trabalho molecular; é o prenúncio de uma transformação física que se opera por força das disposições naturais; nenhum corpo material tem duração eterna; todos estão sujeitos as leis da transformação e a sua duração é mais ou menos efêmera, em face do tempo infinito; o corpo humano envelhecendo, é abandonado pelo espírito em ocasião oportuna e se desintegra como qualquer outro corpo material; a velhice é, assim, um estado normal da existência terrena, que não modifica a vitalidade do espírito; este, na fase da velhice do corpo carnal, conquanto não mais possa manifestar a atividade demonstrada nas fases anteriores, pela impossibilidade de fazer vibrar a matéria já a caminho da desintegração, é sempre o mesmo, forte e dinâmico, mantendo todos os característicos revelados no momento culminante da sua encarnação.
Trecho extraído do livro "RACIONALISMO CRISTÃO" - 27º Edição - 1969.
